terça-feira, 26 de outubro de 2010

A importância da história.

   Sempre que me perguntam qual curso estou fazendo, respondo alegremente: História. É perceptível como as pessoas, em geral os pouco interessados em estudar o mundo, repudiam a História. As réplicas, na sua maioria das vezes são: “Nossa!!!!” (falsidade); “Que legal!!!!” (utopia); “Você gosta de coisas velhas hein” (engano); “O passado fascina” (não sabe o que fala), etc. Algumas réplicas, contudo, são sinceras. Por exemplo: “História é coisa chata”, ou “Pra que estudar História?” Nesse artigo procuro ruir com esses falsos conceitos espalhados pelo senso comum, acerca da inutilidade da História para o mundo. Pretendo, literalmente, fazer uma apologia da História, sendo que, para isso utilizo-me do reconhecido livro de Marc Bloch, Apologia da história. Para tanto procuro responder duas perguntas básicas: primeira, o que é história, então e, qual a sua importância na atualidade.

   A história é a ciência que estuda o homem no tempo. Essa definição, por enquanto, é clássica nos circulos historiográficos. A história diferencia-se da antropologia em um aspecto: enquanto a antropologia lida com o homem no espaço, a história lida com o homem no tempo, daí a importância que se dá as datas e períodos históricos. Por questões didáticas, a história esta subdividida em blocos ou as conhecidas Idades: Pré história, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Não cabe aqui discutir o conceito de antiguidade, medievalidade, etc. O que vale destacar é que isso é muito relativo. Por exemplo: daqui há 300 anos será que nós, dos séculos XX e XXI, seremos ainda tratados como contemporâneos? Será que não faremos parte de uma história moderna ou até mesmo medieval? Percebe-se, portanto, que a história não é uma simples narrativa sobre um passado remoto e apaixonante. História é ciência, não um conto, um romance. É produto do meio social. Ela estuda o que existe de mais valioso e importante na terra: o homem.

   Feita essa definição rápida, parto agora para a importância da história. Inicialmente faço algumas perguntas: quem ensinou para você que foi Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil? Quem falou que foi em 1500? Quem falou dos índios brasileiros? Quem explicou a guerra de Tróia? Quem te fez entender com mais clareza os malefícios do imperialismo ianque? Quem te mostrou a importância da 2ª Guerra Mundial para a configuração política da atualidade?  A resposta é fácil. Você com certeza vai dizer que foi seu professor de História. É verdade, sua resposta não está errada. Além de ser seu professor de História, ele também é um historiador que tem por função primordial analisar os documentos e escrever sobre eles. A arte de escrever a história nós chamamos de historiografia. Tudo o que você sabe sobre o mundo foi produzido pelos historiadores. Isso implica em algumas indagações: o que eu conheço é a verdade dos fatos? É confiável a produção historiográfica? Até que ponto se deve aceitar a escrita da história como verdade? Essas perguntas não possuem respostas fáceis e são polêmicas. Em primeiro lugar destaco que para a história não existe uma VERDADE. A história é produto dos historiadores e isso implica dizer que um mesmo fato possui inúmeras interpretações, de acordo com o meio em que o historiador está inserido, de maneira que o que é  VERDADE para um não é VERDADE para outro A Revolução Russa de 1917, por exemplo, possui inúmeras interpretações. De viés marxista, capitalista, anarquista, etc cada historiador escreve sobre a Revolução Russa de uma maneira diferente. Cada um destaca o que acha importante PARA SI. Dessa forma a VERDADE, que deveria existir, passa a ser manipulada. O que é a VERDADE? Se dissermos que a verdade NÃO existe, já estamos falando uma VERDADE, logo ela existe. Não quero entrar em minúcias sobre isso, mas encerro essa breve discussão citando o precursor da Escola de Annales, Marc Bloch que certa vez disse: “Mesmo que julgássemos a história incapaz de outros serviços, seria certamente possível alegar em seu favor que ela distrai (...) Pessoalmente (...) a história sempre me divertiu muito”.

Pense bem antes de falar de uma possível inutilidade da história.

Abraços:


Jeú Daitch.