O
século XIX foi um importante marco na historiografia. Historiadores, em
especial os alemães e franceses, elevaram a história a categoria das ciências, seguindo
uma onda de cientifização que havia começado com as ciências naturais. A
escrita da história estava, pois, comprometida com um método (observação,
descrição, conclusão). O bom historiador era aquele capaz de descrever os fatos
tal como eles haviam ocorridos, depois de observar minuciosamente as fontes de
que dispunha. Os eventos foram fortemente valorizados. A relação sujeito-objeto
deveria ser demarcada pela neutralidade do primeiro em relação ao segundo, ou
seja, o fato bruto deveria ser representado sem interferências do historiador.
Valorizou-se excessivamente a historia política e biográfica, em especial a
historia "vista de cima", dos heróis. As fontes deveriam ser
escritas. Documentos válidos eram aqueles que as ciências auxiliares da
história, em especial a paleografia, heurística e lingüística julgavam como verdadeiros.
Ao historiador cabia agrupar os dados, relacionar as fontes e descrever a
verdade histórica sem interferir na divulgação dos fatos. A História assumiu o
trono da erudição.
O discurso historiográfico acima caracterizado
levou historiadores a posteriori a denominarem essa escola de positivista
ou metódica. O historiador era um cientista: seu trabalho deveria estar
comprometido com um método. Em suma, a escola metódica marcou toda uma produção
historiográfica, tendo como representante principal o alemão Leopold Von Ranke.
A
crise dessa forma de escrever a historia se deu em meados do século XX em
especial a partir de 1930 e teve na figura de M. Bloch e L. Febvre seus
principais expoentes. Contrapondo-se a visão acima exposta acreditavam que ao
historiador não cabia julgar, mas sim compreender o passado. Em relação às
fontes históricas ouve uma importante ampliação dos documentos. Fonte, para os
professores Bloch e Febvre se refere a todo objeto que recebeu o toque do
homem: uma telha, uma pedra, uma folha, um papel, etc. Quebrando os paradigmas
da escola positivista afirmavam que ate mesmo as fontes "falsas" eram
úteis, na medida em que poderiam permitir ao historiador identificar as causas históricas
de tal falsificação. O objeto da historia passou a ser o homem, mais
especificamente o homem no tempo. Esse homem não era o mesmo da escola
metódica. Não era apenas o herói, mas o marginal, o ladrão, o povo, as
mulheres. Em suma: a história passou a ser “vista de baixo”. O passado só tinha
sentido na medida em que era interpretado pelo presente. Dessa forma, a
história passou a supor uma relação teórica mais intrínseca entre o sujeito e o
objeto e entre o presente e o passado.
Bela narrativa, fico até emocionado ^^'
ResponderExcluirExcelente resumo dos caminhos da história até a nova escola.
Obrigado Fábio.
ResponderExcluirEstou a disposição para receber comentários.
Abraços.