domingo, 2 de novembro de 2014

Beijinho no ombro pro seu "IMPITIMAN"!

   Não nos enganemos. Os movimentos que ocorreram ontem, dia 1º de novembro em algumas cidades do Brasil e que reuniram um número pífio de pessoas (muitas das quais com cartazes com erros absurdos de português) tem um ponto em comum: o reacionarismo e o anti-petismo. Os participantes alegam ter pautas diversas: alguns queriam melhorias na educação, saúde, transporte e serviços públicos; outros ansiavam pela saída do PT, envolvido em vários escandâlos. Até aqui tudo bem. Dentro da legalidade da democracia burguesa que apresentou uma corrida eleitoral-presidencial extremamente competitiva e acirrada. 
    Mas, existia uma outra pauta por trás desse processo: o golpe militar. Essa pauta existe desde os tempos da redemocratização e representa os setores mais conservadores da sociedade brasileira, hoje representados por Lobão, Bolsonaro, Feliciano e outras personalidades que dariam uma lista gigantesca. Nos últimos cinco anos essa ideia tem ganhado um corpo social jamais visto. Saiu de seu lugar cavernoso, os círculos reservados do conservadorismo, para ganhar espaço público. E quando ganha esse espaço confirma a tese de que o golpe militar de 1964 não foi apenas militar, mas envolveu também setores da sociedade civil. Tal dinâmica é fruto de algumas questões, que pretendo abordar rapidamente:
    1) Fraqueza da Comissão Naciona da Verdade (CNV): a luta por condenar os envolvidos em crimes durante a ditadura no Brasil caminha a passos de tartaruga. Enquanto na Argentina, semana passada, quinze envolvidos com torturas durante a ditadura foram condenados (ver http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-10-25/justica-argentina-condena-15-a-prisao-perpetua-por-tortura-e-mortes-na-ditadura.html), no Brasil ainda patinamos em construir uma memória sobre os 21 anos mais obscuros de nossa história;
    2) Desilusão com a política: aqui aparece a juventude. Enquanto docente de História e Sociologia tenho acompanhado de perto essa realidade. Existe um sentimento de despolitização jamais visto. Os partidos, instituições e movimentos estão completamente desgastados. Tudo é corrupção! Esse pensamento apresenta certa coerência, mas também riscos enormes. A possibilidade de se deixar levar e trilhar um caminho "à direita", marcado pela xenofobia, racismo, preconceito escancara-se com a dura realidade nacional. Por enquanto, o número de manifestantes pró-direita continua pífio, mas daqui alguns anos, o que teremos? (ver http://www1.folha.uol.com.br/colunas/guilhermeboulos/2014/10/1529543-onda-conservadora.shtml)
   3) O PT tem culpa sim! O PT não é o responsável por esse processo. Ligar a história da corrupção a um partido é reduzir todo um processo que interliga umbilicalmente todo poder político e econômico do nosso país desde o processo da colonização. Mas, o PT, com seu discurso de combater a corrupção, caí numa armadilha sem fim quando, por exemplo, Lula, Malluf e Haddad aparecem numa foto juntos. As alianças que o PT tem feito desmoralizam ainda mais as organizações políticas e partidárias. Você, tucano, que está lendo isso, não se sinta escusado e tire esse risinho de deboche da cara e vá ler Privataria Tucana de Amaury Ribeiro Jr.
   4) A esquerda tem medo de dizer seu nome: Vladimir Saflate, professor de filosofia da USP escreveu uma importante obra "A esquerda que não teme dizer seu nome"(2012). Nesse livro o autor procura "reafirmar os princípios que orientam historicamente o pensamento da esquerda e renová-los, a partir das demandas da época". Falta, para a esquerda nacional uma unificação de pautas, que deve começar pelo combate direto e irrestrito a manifestações como as de ontem. A esquerda precisa repensar os problemas de sua época e investir em táticas e estratégias de superação do capital. Isso significa sair das universidades e alcançar novos espaços sociais.

   Por fim, indico para você que foi ontem as ruas e que compactuou com golpistas e militares, que assista pelo menos um dos 11 filmes listados abaixo:


Sem mais, só me resta dizer: beijinho no ombro pro seu impeachment!

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