quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Relembremos do 29 de abril de 2014!

       Ontem, dia 4 de novembro de 2014, nas dependência do Poder Legislativo do Estado do Paraná, professores foram agredidos pelos seguranças da Casa, sob ordens do líder da mesma, o deputado estadual (que agora, infelizmente,é federal) Valdir Rossoni. Um episódio lamentável e grotesco que escancara as relações ditatoriais estabelecidas na ALEP, cuja maioria faz parte da base tucana.
       Em primeiro lugar, é preciso entender o que estava em pauta ontem: a recondução, por mais um ano, das atuais gestões de diretores das escolas públicas do estado do Paraná. Ou seja, as quase 2200 escolas que já estavam em PROCESSO ELEITORAL terão que abortar suas comissões consultivas e regionais em nome de uma ordem golpista e autoritária vinda diretamente do exímio (des) governador do estado. O deputado Luiz Romanelli (PMDB) foi quem tratou de encaminhar o projeto para a votação na Câmara dos Deputados. Vale lembrar que ele já havia sido aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), faltando apenas passar pelo Legislativo e depois ir para o gabinete do Beto Richa. Não pretendo comentar profundamente o caráter anti-democrático do documento, completamente inconstitucional e que representava os setores mais podres da política e das últimas eleições para governador. Esse último, ao colocar em pauta e na ordem do dia a prorrogação dos mandatos de diretores por mais um ano tentou atender aos interesses dos vários, para não dizer da maioria, dos diretores de escolas que fizeram campanha aberta e velada em favor do candidato do PSDB. Um velho "toma lá dá cá" que remonta ao coronelismo, como bem elencou em seu texto "Nuâncias coronelísticas" o professor André (ver. http://professor-andre-rockstar.blogspot.com.br/2014/10/nuancias-coronelisticas-na-seed-pr.html).
      O que me preocupa de verdade é a força da APP sindicato. Ela esteve, via seus representantes e sindicalizados, presente todos os dias da semana, desde que o projeto ameaçou chegar a Casa. Esses representantes, na sua maioria da liderança, mas também os da oposição ligados ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) gritaram palavras de ordem e acusavam, corretamente, de golpismo os deputados que votavam a favor. Vários vídeos apresentam o momento em que Rossoni ordena aos seguranças que retirem os "elementos" que ocasionavam a arruaça (ver. https://www.youtube.com/watch?v=xJbCtKBPkrQ; http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2014/11/votacao-de-projeto-polemico-termina-em-confusao-nas-galerias-da-alep.html ). A partir daí vimos um espetáculo de violência típico dos tempos da ditadura.
      A APP sindicato perdeu mais uma vez e só vem perdendo nos últimos meses. Por que? A perda de expressividade da APP já dura muito tempo. Os velhos companheiros sindicalizados contam histórias de resistência que tem como cenário as ruas. Hoje, a APP trocou de espaço: saiu das ruas para ir a mesa de cafezinho do governador. É lá que ela faz política. Os gritinhos de histeria da liderança do sindicato na ALEP representava uma verdade que todos sabiam: o projeto iria passar. A APP perdeu o controle e a confiança da categoria principalmente, quando na terça feira, dia 29 de abril, suspendeu uma greve forte e poderosa. Uma greve que tinha levado quase 30 mil às ruas. Uma greve que enchia de esperança o coração dos mais jovens como eu. Uma greve covardemente abortada pela liderança. Agora, a APP colhe os frutos e vem coisa pior por aí. De nada adianta entrar com pedidos disso e daquilo porque os porões da política são escuros demais. Se a APP realmente quissese que as eleições para diretores caminhasse democraticamente hoje convocaria greve geral em todas as escolas. Mas ela sabe que não tem poder mais para isso.
       Longe de mim machar a história da APP, que começou com luta e nas ruas. Agora, longe de mim não problematizar o que esse sindicato representa hoje.
       Se os professores, ligados a oposição à liderança apanharam ontem, a culpa é do Richa. Mas da APP também! Que tem adotado um método de resolver problemas que todos sabemos ser desleal para com os integrantes da categoria. Ou a APP volta pra rua e só saí quando as pautas forem realmente atendidas, ou continuaremos vendo professores apanhando.

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